Soberania
A vida é anterior ao conceito de Estado e preside-lhe.
Pela intemporalidade do texto, apoiamo-nos na Declaração de Independência dos E.U.A., produzida a 4 de Julho de 1776.
https://www.arqnet.pt/portal/teoria/declaracao.html
“Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas,
que todos os homens são criados iguais,
dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis,
que entre estes estão a vida, a liberdade e a procura da felicidade.”
Declara que:
- Reconhece as “verdades como evidentes por si mesmas”, que é o que define os princípios da Lei Natural;
- Acima dos homens está o Criador; e é d’Ele que provêm os direitos inalienáveis. Ou seja, nenhum Estado ou governo se interpõe entre os homens e o que é seu por direito de nascença;
- Afirma a vida, a liberdade e a procura da felicidade como direitos intrínsecos à criação do homem.
“Que a fim de assegurar esses direitos,
governos são instituídos entre os homens,
derivando seus justos poderes do consentimento dos governados; (...)”
- Afirma os direitos dos homens como anteriores à instituição de governos e presidindo-lhe;
- Coloca os poderes dos governos na dependência do consentimento dos governados.
O homem dependa da terra e não do Estado.
A Constituição da República Portuguesa, decretada em 1976, declara por sua vez que “a soberania, una e indivisível, reside no povo”. Estabelecido este princípio, e considerando que o povo não é uma massa indistinta, mas um conjunto de mulheres e homens vivos, com direito à preservação da vida, à liberdade e à procura de felicidade. Assim sendo, cada um exerce escolhas de acordo com a sua consciência.
A consciência envolve:
- A percepção do seu corpo físico, em termos de funcionamento, necessidades e aptidões;
- A energia que emana e que também recebe do meio em que se movimenta;
- As sensações e sentimentos gerados na sua vivência das experiências;
- O processamento que a sua mente opera da realidade observável;
- O conhecimento a que acede para a elaboração do seu raciocínio;
- A forma como vive a relação entre Criador/Criação e como concebe o universo além do que o seu olhar pode captar;
- O discernimento com que conjuga todos os factores anteriores;
- A sua capacidade de autonomia;
- Os interesses que o movem;
- A intensidade com que aplica a sua vontade ou determinação;
- A capacidade de transcendência das suas próprias limitações;
- A criatividade e a imaginação, infinitas e capazes de interagir além da realidade tridimensional;
- Outros aspectos de não menos importância, incluindo aqueles que, não sendo conscientes, interferem com a consciência.
Em tamanha complexidade, acresce considerar também as dinâmicas que todos estes aspectos estabelecem e que tornam cada Ser único, irrepetível e de valor incalculável. De tal modo que a liberdade de consciência de uma mulher ou de um homem vivo não pode ser submetida, nem por decisão da maioria. É inalienável e imprescindível ao exercício da soberania.
O limite do corpo é o limite da soberania individual - a pele
ou o chão que os próprios pés pisam.